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quinta-feira, 26 de março de 2015

Comentário de Huìzhōng sobre o Sutra do Coração (totalmente em português)

O riquíssimo cânone chinês possui introduções e comentários que precedem muitos sutras. O Sutra do Coração, que teve a tradução divulgada aqui recentemente, possui uma curta e belíssima introdução escrita pelo mestre Huìzhōng, na dinastia Tang. Deu bastante trabalho, mas está terminada. Tentei encontrar alguma outra tradução desse comentário em outra língua ocidental para fazer alguma comparação, mas não consegui achar. Se alguém conhecer, eu ficaria contente em saber. Caso não haja, seria a primeira vez que esse texto é traduzido, não apenas para o português. Espero que seja proveitoso para todos.

Upasaka Pundarikakarna (Marcelo Prati)

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Traduzido do chinês clássico para o português pelo Upasaka Pundarikakarna no início da primavera de 2015.

Sutra do Coração da Prajñā-pāramitā - Introdução

Comentário escrito por Huìzhōng na Dinastia Tang

Eis que os fenômenos possuem natureza ilimitada para o liberto dotado de uma mente capaz de confiar. A Realidade Última é desprovida de marcas, nome ou explicação discursiva, tal como é ensinado nos sutras.

Assim como o número de seres fenomênicos é inexaurível, a magnificente vastidão do Oceano do Dharma deve também ter sua imensidão investigada e seus significados esclarecidos. Isso seria como possuir um espelho capaz de mostrar o aspecto interior. Consequentemente, ao se observar a insubstancialidade, a escuridão é afastada, tornando-se clara como o sol do meio dia.

Por isso os sutras dizem que tanto toda a superfície da terra, quanto aquilo que não está nela é condicionado. Os Budas apontam diretamente para a mente.

Que fenômeno não possui a permanência condicionada pela mente? São cognitivamente apreendidos apenas no terreno da mente*.

Se fala das marcas [dos fenômenos] para que alguém possa firmar-se no bem, mas para o desperto eles não possuem surgimento. Essa é a maravilhosa Iluminação.

Sendo assim, com a mente atenta, que esse comentário possa ser de auxílio para muitos na travessia [até a outra margem].

(Referência no Cânone: T0251_.08.0848b20 - 0848b28)

*Terreno da mente 心地 é uma metáfora para o fato da mente ser de onde todas as concepções brotam. (Soothill W. E., Hodous, L. Dictionary of Chinese Buddhist Terms)

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