Esse trecho é o Kannon-kyo, ou Sutra de Kannon, contido no capítulo 25 do Sutra do Lótus.
. . .
Ó Honrado Pelo Mundo, tens as marcas e os sinais.
Me permita perguntar, de tua boca ouvir o som,
Por que este Bodhisattva é chamado Kanzeon?[1]
E o Buda respondeu, sem nenhuma espera mais:
"Ouça, seu nome é Kannon[2] e essa é a tal razão,
O seu voto é infinito, como os mares é profundo,
Serviu a incontáveis Budas, sempre acima deste mundo
e jurou fazer o bem, por toda e qualquer direção.
Quem puder ouvir seu nome, ou observar a sua imagem,
Que o mantenha sempre em mente, guardado no coração.
Deixará toda tristeza, desespero que há então.
Explicarei brevemente, para manter a coragem:
Quando o mal for como um fogo, e no peito queima a mágoa,
Manter na mente Kannon vai fazer o fogo em água.
Se cair no oceano, monstros e ondas do mar,
Manter na mente Kannon, você não vai se afogar.
Se do alto da montanha você então for derrubado,
Manter na mente Kannon, será como o sol sustentado.
Quando for, por homens loucos, perseguido e ameaçado,
Manter na mente Kannon e jamais será tocado.
E se ainda com espadas, vierem outros com maldade,
Manter na mente Kannon vai guiá-los à bondade.
Vendo à frente a injustiça, medo e até condenação,
Manter na mente Kannon parte as armas pelo chão.
Quando não tiver mais forças, amarrado pelos braços,
Manter na mente Kannon faz algemas em pedaços.
Sendo alvo de maldosos ou se for envenenado,
Manter na mente Kannon faz todo o mal afastado.
Se cercado por demônios que desejam te assustar,
Manter na mente Kannon e nenhum vai te alcançar.
Perseguido pelas feras com suas garras afiadas,
Manter na mente Kannon, fugirão desesperadas.
Tempestades e trovões, nuvens negras sobre o mundo,
Manter na mente Kannon, as dispersa num segundo.
Se confuso e perturbado, tendo a dor aqui descrita,
Saiba, Kannon chega a todos com tal bondade inifinita.
De alcance imensurável, onde for sua existência,
No inferno, entre fantasmas, animais, qual seja a sorte,
Sofrimento do nascer, envelhecer, doença e morte,
Todos eles, pouco a pouco, vão perdendo a consistência.
Verdadeiro observar, tão sereno, apaziguado,
Observar de longo alcance, da maior capacidade!
Cheio de misericórdia, compaixão e qual bondade.
Um olhar tão esperado, um olhar tão esperado!
Tão serena radiância, de pureza iluminada,
Brilha alto como o sol destruindo a escuridão.
Controlando as tempestades e o queimar do coração
Luz que faz o mundo claro e jamais é abalada.
Lei de toda piedade, ouço o som de seu trovão
Anunciando o aspergir de uma nuvem grande e calma.
Sua delicada chuva lava todo o mal da alma
Apagando assim tristezas - eis a sua compaixão.
Enfrentando então o medo das batalhas e perigos,
Manter na mente Kannon, faz render os inimigos.
Sua é a voz maravilhosa, voz de quem a tudo escuta,
Voz de Brahma, voz que é forte, como o som de muitas ondas.
Voz que fala e é lembrada, não há quem dela se esconda.
Elimina toda o medo, pelo mundo a repercuta!
Observar tão puro e santo, ouve as vozes pelo ar,
Oferece assim alívio, salvação, benignidade,
Fim da dor e da tristeza, morte e da calamidade.
É perfeito em compaixão, possa eu o reverenciar."
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[1] 観世音 (jp. Kanzeon / ch. Guānshìyīn) O Observador dos Sons do Mundo
[2] 観音 (jp. Kannon / ch. Guānyīn) O Observador dos Sons
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