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sábado, 26 de abril de 2014

Da Prática (do blog Literatura Budista)

Certo dia, o oficial Po Chu-I, passando pela estrada, viu um monge Zen sentado no galho de uma árvore ensinando o Dharma. O seguinte diálogo se sucedeu:
Oficial: "Velho homem, o que estás fazendo nesta árvore em uma posição tão precária? Um deslize e cairás desta árvore para a morte!
Monge: "Atrevo-me a dizer, Vossa Senhoria, que vossa posição é até mais precária. Se eu cometer um deslize, sofrerei sozinho; se, como um oficial de alta posição, você cometer um erro em uma decisão, seu erro pode custar a vida de milhares."
Po Chu-I, sentado em sua liteira ornamentada, ficou perplexo. Ele refletiu por um momento e retrucou:
Oficial: "Boa resposta. Dir-te-ei algo. Se puderes me explicar a essência do Budismo em uma frase, tornar-me-ei teu discípulo. Caso contrário, separaremos nossos caminho e jamais nos encontraremos novamente."
Monge: "Que fácil questão! Ouça! A essência do Budismo é não fazer o mal, fazer o que é bom e manter sua mente pura.
Oficial: "Isso é tudo? Até uma criança de três anos sabe isso!"
Monge: "Verdade, uma criança de três anos entende isso, mas mesmo um homem de oitenta anos não consegue praticar estas obrigações!"
Texto acima extraído  do blog "Literatura Budista"

Para reflexão, um trecho do Tratado do mestre Tsong-Kha-Pa:

"Essa comparação com uma pessoa adoentada é extremamente importante, pois se você internalizar essa ideia, virão em seguida outras ideias. Todavia, se essa ideia não passa de palavras, tal pessoa não transformará em prática o significado das instruções para remover as aflições e terá apenas ouvido as instruções, tal como as pessoas adoentadas que procuram o médico. Se empenham a procurar o remédio prescrito, mas não o tomam e não se curam. De fato, como é dito no Sutra do Rei da Concentração:

Algumas pessoas estão doentes, seus corpos atormentados;
Por muitos anos, não conseguem sequer um alívio momentâneo.
Aflitos por sua doença por um tempo tão longo,
Buscam um médico para encontrar uma cura.

Procurando continuamente,
Ao fim encontram um médico com habilidade e conhecimento.
Tratando aos pacientes com compaixão,
O médico oferece o remédio dizendo: "Aqui está, tome este."

Esse remédio é abrangente, bom e eficaz.
Irá curar a doença; mas os pacientes não tomam.
Isso não é um erro do médico, nem do remédio
é um problema da parte daqueles que estão doentes.

(...)

E também:

Eu te expliquei tal ensinamento verdadeiramente bom
Mas se você, ouvindo-o, não o praticar corretamente,
Ainda, tal como a pessoa adoentada, mesmo que porte uma bolsa com remédios.
A doença não poderá ser curada.

Além disso, no "Esforçar-se nos Atos do Bodhisattva" de Santideva, consta:

Ponha em prática fisicamente tais instruções;
O que se realiza apenas com falatório?
Por acaso a pessoa doente pode curar-se
Apenas lendo um tratado médico?

(...) Por isso é vital por em prática o máximo possível do significado do que você ouviu. Nesse sentido os "Versos sobre o Ouvir" dizem:

Mesmo que se tenha ouvido uma grande quantidade de coisas.
Se não for controlado na disciplina ética,
Justamente por causa da sua disciplina ética, você será desprezado,
E o seu ouvir não será excelente.

Contudo, mesmo que se tenha ouvido pouco
Se for bem controlado na disciplina ética
Justamente por causa de sua disciplina ética, você será louvado
E o seu ouvir será excelente.

As pessoas que não ouviram tanto
E também não são bem controladas na disciplina ética
Serão desprezadas por todos os lados
E sua conduta não será excelente.

Aqueles que ouviram uma grande quantidade de coisas
E são também bem controlados na disciplina e ética
Serão apreciados por todos os lados
E sua conduta será excelente."

(Tsong-Kha-Pa. Lam Rim Chen Mo/O Grande Tratado sobre os Estados do Caminho da Iluminação. Século XIV)

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