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quinta-feira, 2 de maio de 2013

Uma Reflexão Sobre a Impermanência


"Considerando-se com atenção a aparência da frágil vida dos homens, vemos quão fugaz é esse período, em que todas as coisas mundanas são semelhantes a miragens. Nunca se ouviu falar de alguém que tenha vivido dez mil anos. A vida flui tão rápida! Quem consegue manter-se até a idade de cem anos? Nem eu nem ninguém pode garantir o dia de hoje ou o dia de amanhã. Dizem que os que hão de morrer e os que já morreram são mais numerosos do que os pingos de chuva que já caíram e das gotas de orvalho que ainda cairão. Nosso corpo, que pela manhã ostenta faces rosadas, ao entardecer pode estar transformado em uma ossada branca. Quando sopra o vento da impermanência, os dois olhos se fecham imediatamente e a respiração cessa definitivamente. Então, as faces rosadas irremediavelmente se transformam e o semblante perde sua beleza comparável à de um pêssego. Os parentes se reúnem para chorar e lamentar, mas nada disso adianta mais nada. Urge tomar as providências necessárias e o corpo, conduzido ao crematório, desfaz-se em fumaça no meio da noite, restando apenas a ossada branca. Podemos dizer que é penoso, mas as palavras nem dão conta de tanta dor. A fragilidade do ser humano nem sequer estabelece distinção entre velhos e jovens."

Trecho de uma das cartas de Rennyô chamada de "Carta da Ossada Branca"


"Eu vejo vários ossos. Eu também os tenho. Eles existem em mim.
Eu não sou aquilo... comigo será diferente... (ilusão!)
A terra branca se juntará a ossos brancos.
Quando a morte chegar, somente deixará os ossos brancos abandonados pelos campos.
É um assunto urgente saber quão rápido nos tornaremos esqueletos.
Ai de mim! Devemos dizer ao olhar para um esqueleto.
Na saúde e na fama existem corações e emoções, mas, quando a morte chegar, serão revelados os esqueletos.
Neste corpo estão os ossos brancos. Podemos senti-los.
Então por qual razão duvidamos de sua existência?
Quão amargo é o fato de que uma vida gloriosa se transforma em aflição quando está próxima da morte. Ame esse esqueleto, ele será seu por anos...
Vista o esqueleto com roupas. Você o usará para viajar pelo mundo. Ele estará no mundo por um longo tempo, revestido por uma fina camada de pele.
Peça ao Divino Buda que tenha misericórdia desse esqueleto. Através da consciência encontre a joia do ir nascer na Terra Pura.
Namu Amida Butsu."

Trecho do Tendaizenshô

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