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sexta-feira, 23 de outubro de 2015

Sutra do Lótus - Resumo capítulo por capítulo - Cap 05



Capítulo 5 – As Ervas

Parte 1 – A nuvem, a chuva e as plantas

Buda faz uma comparação que envolve ervas, nuvem e a chuva com os seres, o Tathagata e sua Palavra, respectivamente. Existem vários tipos de vegetais, como árvores, arbustos, gramas, etc. A nuvem despeja uma mesma água sobre todos, porém cada um cresce segundo sua característica e vigor, dando flores e frutos. Da mesma forma o Buda derrama sua Palavra a todos os seres, independentemente das suas características, visando a felicidade dos mesmos, os fazendo aspirar pelo nirvana, reconhecendo as diferenças e capacidades de cada um. O Iluminado procede desta forma a fim de que os seres alcancem a Liberação, o Desapego, a Cessação e o Conhecimento.
Assim como a nuvem sobrevoa diferentes tipos de ervas, das mais rasas às mais robustas, e dispensa a água, essencial para a vida, sobre todas, para que cada uma se desenvolva de acordo com sua espécie; o Buda “adapta” sua Essencial Palavra de acordo com as características e limitações de cada um, pois, apesar do ensinamento ser o mesmo, Ele sabe que se mantivesse a mesma estratégia sempre, muitos ficariam confusos e se afastariam ainda mais da Iluminação. Um Buda conhece mais as peculiaridades de cada ser do que os próprios seres, conhece seus pensamentos e virtudes, carências e faltas.

Parte 2 – A parábola do homem cego de nascimento

Na sequência, Buda fala sobre um homem cego que pensava não existir cor, planeta, estrela, Sol ou Lua. Um dia, um médico, que acreditava que a origem de todas as enfermidades está relacionada com o ar, a bílis e a fleuma; movido de compaixão, decidiu curar aquele homem com as quatro ervas do Himalaia, a saber: “A que possui as possibilidades de toda cor e sabor”, “A que livra de toda e enfermidade”, “A que destrói todo veneno” e “A que outorga a felicidade”. Com estas plantas, o médico curou o deficiente visual através de alguns procedimentos “cirúrgicos” e também misturando compostos destas ervas na comida e na bebida do enfermo. O homem curado, conseguindo ver as cores, as estrelas, a lua e as demais coisas, lamentou-se não ter crido na existência destas antes. Entretanto, uma vez enxergando, começou a jactar-se, julgando-se superior aos outros.
Então, alguns Rishis, que eram peritos na realização da visão divina, audição divina, leitura da mente e outros poderes “mágicos”, ao verem o homem vangloriar-se, o censuraram, dizendo que este apenas tinha recobrado a visão, mas que não atingira ainda a sabedoria (que é uma visão muita mais ampla do que visão natural).
O homem aceita a persuasão e pergunta qual é o meio de se alcançar a sabedoria; os Rishis o aconselham a procurar a vida ascética e a meditar no Dharma, abandonando todos os desejos pelos prazeres do mundo. Assim aquele homem procedeu e alcançando as Cinco faculdades Extraordinárias, pensou:

Devido aquele karman que eu havia acumulado nenhum atributo havia sido alcançado por mim. Eu agora vou para onde eu queira e antes eu era um homem de escassa inteligência, escassa experiência, eu era um cego” (página 214 - K135)

Parte 3 – Explicação da parábola anterior

O cego de nascença representa os seres presos no Samsara, ignorantes e desconhecedores do Dharma, que sofrem por decorrência de suas próprias ações (samskaras). Segundo as palavras do próprio texto: “[...] o grande médico representa o Tathagata […] o ar, a bílis e a fleuma representam a paixão, o ódio e o erro […]. As quatro ervas representam a Vacuidade, o Estado isento de causas, o Estado isento de finalidade e o acesso ao Nirvana.” Os Rishis são os Bodhisattvas que desejam que os seres desenvolvam a Mente de Iluminação.
Com as ervas os seres fazem cessar a ignorância (Teoria dos Doze Membros do Surgimento Condicionado) e com isso deixam de produzir samskaras. O cego que recobra a visão, representa o veículo dos Shravakas e dos Pratyekabuddhas; liberto da ignorância primeira, acredita já estar no Nirvana e não precisar mais avançar espiritualmente. Porém, o Bhagavant o incentiva a se aprofundar ainda mais nos Ensinamentos, a fim de enxergar a realidade em sua Essência Vazia, como uma miragem e com onisciência para entender as inclinações e propensões dos seres, com o objetivo de ajudá-los.

Aquele em quem a mente de Iluminação surgiu (isto é, um Bodhisattva), em razão de sua sabedoria já não está no samsara e, em razão de sua compaixão o que o leva a ajudar os outros seres, tampouco está no Nirvana.”
Nota 313 do capítulo (página 216)

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