O Capítulo de hoje trata sobre a parábola do filho que abandonou o lar e depois reencontrou seu pai. Boa leitura!
Capítulo
4 – A Abertura da Mente
Parte 1 – Os monges anciãos
Ditas suas últimas palavras sobre a Suprema Iluminação, os monges
mais velhos da Assembleia, Subhuti, Mahakatyayana e Mahamaudgalyayana
se aproximam de Buda, confessando a este que, antes desta exposição
do Sutra do Lótus, acreditavam ter alcançado o Nirvana, porém, na
verdade, estavam apenas acomodados por todo este tempo nos Veículos
Provisórios. Esse trecho mostra que tempo de carreira monástica não
garante, por si só, a Iluminação.
Parte 2 – A Parábola do Filho que abandonou o Lar Paterno
Ouvindo os anciãos, Buda propõe a parábola de um homem, que deixou
a casa de seu rico pai sem deixar informações de seu paradeiro,
preferindo viver em extrema pobreza, mendigando para sobreviver.
Vagando como pedinte por muitas cidades, 50 anos mais tarde este
homem aleatoriamente chega a um suntuoso palácio; aproximando-se da
construção, vê seu pai, o dono da propriedade, sentado com grande
pompa e rodeado por súditos, mas não o reconhece. Diante desta
visão, o homem foge, temendo ser preso para trabalhos forçados. O
pai vendo seu filho de longe, alegrou-se sobremaneira, pois morria de
saudades. Já próximo da morte, devido à idade avançada, a
autoridade procurava uma pessoa para deixar sua fortuna e
reconhecendo seu filho, cogitou fazê-lo herdeiro.
O pai, então, cria um plano de reconciliação, falaria a verdade
aos poucos, pois o homem não acreditaria se subitamente soubesse que
era seu filho. Para isso, chama dois indivíduos pobres para o
trabalho de limpeza do lixo, orientando-os a recrutar seu filho para
participar da mesma atividade. Passado algum tempo, enquanto limpavam
o palácio, o chefe de família disfarçado com roupas simples,
propõe o seguinte ao seu descendente:
“Bom homem, trabalha aqui, não te vás para outro lugar. Eu te
darei um salário especial. Qualquer coisa que necessites, pede-a
para mim sem desconfiança […] tu hás de me considerar como se eu
fosse teu pai. […] E enquanto tu, bom homem, trabalhaste aqui, não
incorreste nem incorres em engano ou fraude ou falsidade ou orgulho
ou hipocrisia – não vejo em ti sequer uma única ação má –
como são os defeitos próprios desses outros que trabalham aqui”
(página 183 – K106).
Aos poucos o homem pobre foi criando um sentimento familiar para com
o chefe da casa, que o manteve no mesmo emprego por vinte anos.
Estavam já íntimos depois deste longo período, a ponto do homem
ter liberdade de entrar e sair do palácio.
Perto da morte, a autoridade confere ao filho o poder de administrar
todas as riquezas, mas ainda sem revelar-lhe a paternidade. Contudo,
o descendente, mesmo em condição elevada, preferia continuar
morando no mesmo e humilde lugar, confuso com sua posição de
pobreza. O pai, percebendo toda a competência, cuidado e maturidade
do filho, resolve, enfim, contar a Verdade e escancará-la a todos. O
filho, sabendo da Verdade enche-se de admiração, dizendo a si
mesmo:
“Inesperadamente recebi tanto, moedas de ouro, ouro, riquezas,
grãos, tesouros, depósitos de grãos e casas!” (página
185 – K108).
Parte 3 – Explicação da Parábola do Pai e do Filho
Os velhos monges consideraram sua própria situação à luz da
parábola: o chefe da casa representa o Tathagata e os anciãos são
os seus filhos que viviam “como mendigos”, atormentados pelos
três sofrimentos: o sentimento da dor, a natureza do sofrimento que
em si tem a mudança (a resistência que as pessoas têm às mudanças
da vida, como enfermidades, fim de relacionamentos e amizades, etc.)
e a natureza do sofrimento que em si tem as coisas condicionadas (a
insubstancialidade, tudo é transitório). O trabalho no lixo
significa o Bhagavant colocando os monges nos Veículos Provisórios
(capítulo 3), fazendo-os refletir sobre as coisas inferiores.
Satisfeitos com o salário (o Nirvana individual), criam conformados
que aquilo já era tudo e que não havia mais nada a se conquistar.
Porém, acima dos estados provisórios ainda havia “O Tesouro do
Conhecimento Próprio do Tathagata” que é muito mais valioso que o
salário de “limpador de lixo”. Os monges eram Filhos do Bem
Encaminhado, mas tinham inclinação para o pequeno, até que em
momento oportuno de maturidade espiritual (Habilidade nos Métodos –
capítulo 2), receberam o Tesouro Maior, e de mente aberta,
adquiriram a inclinação própria dos Bodhisattvas Mahāsattvas.
“Inesperadamente recebemos, nós que éramos indiferentes, a
Joia da Onisciência, não desejada, não pedida, não buscada, não
esperada, não solicitada, obviamente porque somos os Filhos do
Tathagata!” (página 186 –
K110).
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