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segunda-feira, 12 de outubro de 2015

Sutra do Lótus - Resumo capítulo por capítulo - Cap 04

O Capítulo de hoje trata sobre a parábola do filho que abandonou o lar e depois reencontrou seu pai. Boa leitura!


Capítulo 4 – A Abertura da Mente

Parte 1 – Os monges anciãos

Ditas suas últimas palavras sobre a Suprema Iluminação, os monges mais velhos da Assembleia, Subhuti, Mahakatyayana e Mahamaudgalyayana se aproximam de Buda, confessando a este que, antes desta exposição do Sutra do Lótus, acreditavam ter alcançado o Nirvana, porém, na verdade, estavam apenas acomodados por todo este tempo nos Veículos Provisórios. Esse trecho mostra que tempo de carreira monástica não garante, por si só, a Iluminação.

Parte 2 – A Parábola do Filho que abandonou o Lar Paterno

Ouvindo os anciãos, Buda propõe a parábola de um homem, que deixou a casa de seu rico pai sem deixar informações de seu paradeiro, preferindo viver em extrema pobreza, mendigando para sobreviver. Vagando como pedinte por muitas cidades, 50 anos mais tarde este homem aleatoriamente chega a um suntuoso palácio; aproximando-se da construção, vê seu pai, o dono da propriedade, sentado com grande pompa e rodeado por súditos, mas não o reconhece. Diante desta visão, o homem foge, temendo ser preso para trabalhos forçados. O pai vendo seu filho de longe, alegrou-se sobremaneira, pois morria de saudades. Já próximo da morte, devido à idade avançada, a autoridade procurava uma pessoa para deixar sua fortuna e reconhecendo seu filho, cogitou fazê-lo herdeiro.
O pai, então, cria um plano de reconciliação, falaria a verdade aos poucos, pois o homem não acreditaria se subitamente soubesse que era seu filho. Para isso, chama dois indivíduos pobres para o trabalho de limpeza do lixo, orientando-os a recrutar seu filho para participar da mesma atividade. Passado algum tempo, enquanto limpavam o palácio, o chefe de família disfarçado com roupas simples, propõe o seguinte ao seu descendente:

Bom homem, trabalha aqui, não te vás para outro lugar. Eu te darei um salário especial. Qualquer coisa que necessites, pede-a para mim sem desconfiança […] tu hás de me considerar como se eu fosse teu pai. […] E enquanto tu, bom homem, trabalhaste aqui, não incorreste nem incorres em engano ou fraude ou falsidade ou orgulho ou hipocrisia – não vejo em ti sequer uma única ação má – como são os defeitos próprios desses outros que trabalham aqui” (página 183 – K106).

Aos poucos o homem pobre foi criando um sentimento familiar para com o chefe da casa, que o manteve no mesmo emprego por vinte anos. Estavam já íntimos depois deste longo período, a ponto do homem ter liberdade de entrar e sair do palácio.
Perto da morte, a autoridade confere ao filho o poder de administrar todas as riquezas, mas ainda sem revelar-lhe a paternidade. Contudo, o descendente, mesmo em condição elevada, preferia continuar morando no mesmo e humilde lugar, confuso com sua posição de pobreza. O pai, percebendo toda a competência, cuidado e maturidade do filho, resolve, enfim, contar a Verdade e escancará-la a todos. O filho, sabendo da Verdade enche-se de admiração, dizendo a si mesmo:

Inesperadamente recebi tanto, moedas de ouro, ouro, riquezas, grãos, tesouros, depósitos de grãos e casas!” (página 185 – K108).

Parte 3 – Explicação da Parábola do Pai e do Filho

Os velhos monges consideraram sua própria situação à luz da parábola: o chefe da casa representa o Tathagata e os anciãos são os seus filhos que viviam “como mendigos”, atormentados pelos três sofrimentos: o sentimento da dor, a natureza do sofrimento que em si tem a mudança (a resistência que as pessoas têm às mudanças da vida, como enfermidades, fim de relacionamentos e amizades, etc.) e a natureza do sofrimento que em si tem as coisas condicionadas (a insubstancialidade, tudo é transitório). O trabalho no lixo significa o Bhagavant colocando os monges nos Veículos Provisórios (capítulo 3), fazendo-os refletir sobre as coisas inferiores. Satisfeitos com o salário (o Nirvana individual), criam conformados que aquilo já era tudo e que não havia mais nada a se conquistar. Porém, acima dos estados provisórios ainda havia “O Tesouro do Conhecimento Próprio do Tathagata” que é muito mais valioso que o salário de “limpador de lixo”. Os monges eram Filhos do Bem Encaminhado, mas tinham inclinação para o pequeno, até que em momento oportuno de maturidade espiritual (Habilidade nos Métodos – capítulo 2), receberam o Tesouro Maior, e de mente aberta, adquiriram a inclinação própria dos Bodhisattvas Mahāsattvas.


Inesperadamente recebemos, nós que éramos indiferentes, a Joia da Onisciência, não desejada, não pedida, não buscada, não esperada, não solicitada, obviamente porque somos os Filhos do Tathagata!” (página 186 – K110).

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