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domingo, 16 de setembro de 2012

A Individualidade




O conceito de individualidade é ilusório, ou seja, não tem como "separar" um indivíduo da natureza, pois todos nós fazemos parte deste sistema maior, que é a própria natureza.

Assim como as células ou até mesmo átomos, são parte de um organismo maior, como o corpo humano ou qualquer outra substância, nós somos engrenagens de um imenso relógio, e assim, somos todos interdependentes.

Por mais que o ser humano se ache "a parte" como "coroa da criação" ou até mesmo quando procura se sobressair dentro de sua própria espécie, fundamentando-se em condições sociais, aparências ou intelectualidades; não consegue mudar a realidade de que somos uma única entidade e que não há linhas divisórias entre nós.

2 comentários:

  1. Olá Sandrão,

    Propus-me a desenvolver sua idéia. Primeiro, podemos pensar que eu sou os outros. Mas isso seria uma espécie de solipsismo, isto é, a realidade como um sonho de minha cabeça, e bem sabemos que ela não se molda segundo a minha vontade, pois se assim o fosse seria eu quem estaria casado com a Scarlet Johanssen e outras tantas mulheres. Segundo, à pura negação do eu, e nesse sentido os outros seriam eu, mas então eu não teria vontades, questionaria o que se passa comigo ou ressignificaria a realidade. Por outro lado, podemos pensar que o eu como parte essência de um mesmo todo, como Eva costela de Adão e tão humana quanto ele. Mas, de acordo com o texto, seria mais do que representar a espécie humana; seria representar a própria realidade essência de si mesma talvez, a própria totalidade. Mas a representação não é reprodução, tanto que tudo o que a representa é diverso e existe uma diferença objetiva entre a água e a pedra, a Scarlett Johansson e o Schwarzenegger. Estes arautos de uma mesma totalidade refratam e reclamam individualidade. Por outro lado ainda, o indivíduo não é o átomo de Dalton como demonstrou Freud, mas partido pelo menos em Isto, Ego e Superego e sua própria unidade indivisível é questionada, sendo ele relacional a si mesmo. Talvez a individualidade enquanto o átomo de Dalton seja uma ilusão, mas enquanto relação de si consigo, com os outros, com as instituições e o mundo de modo geral, não o seja. Relação que anula os objetivos, ações, concepções e mesmo escolhas do indivíduo. Enfim, o que sou eu em relação ao mundo? Até onde os limites de mim e de meu ser? na pela, no pêlo? no calor, no poder? Por outro lado, há desejos que reprimo e que clamo pelo outro ou pelo mundo para satisfazer ou sublimar. Por fim, há ainda a invenção do indivíduo. Invenção burguesa que derrubou os estamentos medievais e inaugurou o indivíduo para celebrar contratos de venda de sua força de trabalho e o superestimou com livre-arbítrio, customização, etc. Há ainda a identidade dos clãs totêmicos, que talvez, mesmo desconhecendo a concepção burguesa de indivíduo, não se subssumam simplesmente sem suas vontades e concepções que se chocam com a concepção de mundo que os cria. Enfim, compreender reticularmente é interessante, talvez até um ponto de vista privilegiado, porém, penso ser mais interessante sustentar a rede de indivíduos, mas não só no mundo social, como também nas condições biológicas e naturais que sustentam sua ressignificação em condições sociais.

    Desculpe escrever assim de sopetão com tanta informação ao mesmo tempo. Tentarei sistematizar melhor nos próximos comentários rs.

    Abraços Sandrão,

    A.

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  2. Muito interessante o comentário!

    A ideia do post é dizer que o conceito de indivíduo não é a realidade última, apesar de percebemos que "existem" personagens diferentes ao nosso redor.

    O problema não é estar casado com a Scarlet Johanssen e sim achar que a satisfação desse desejo faria alguma diferença. Quem é Scarlet Johanssen? Ela é assim tão valorizada segundo quais conceitos?

    Segundo os ensinamentos budistas, enquanto estivermos apegados com nossa individualidade, não vivemos outra coisa senão o sofrimento, pois colocamos o foco de nossa "felicidade" nas circunstâncias e na concretização de fatos. Diferente da iluminação, que consiste simplesmente na percepção de toda esta insubstancialidade.

    Insubstancialidade é saber que a mesa da sua sala não existe de fato, ela é apenas um agregado de madeira, que foi retirada de uma árvore, que foi moldada através do suor de um marceneiro, pelo desgaste de suas ferramentas, etc. Assim, a mesa, apesar de parecer real e um personagem, não passa de um agregado de matéria.

    Desta forma a mesa das casa Bahia se equivalem às mesas de mogno das mansões do jd. Social. Do mesmo jeito, você se equivaleria ao Schwarzenegger e sua namorada à Scarlett Johansson, rs.

    Abraços!

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