Os monges poetas Hanshan e Shídé viveram no Monte Tiantai na China no século IX. Hanshan, posteriormente, passa a ser associado como poeta zen, devido a seu humor ácido e iconoclasta. Shídé passou a vida como monge cozinheiro do templo Guoqinsi, também naquela mesma montanha onde o Mestre Zhiyi viveu séculos antes.
Traduzi um poema de cada e livremente transformei em versos tentando manter a ideia. Espero que apreciem.
Marcelo Prati
Poema de Hanshan
Tradução e livre adaptação pelo Upasaka Pundarikakarna (Renji), no verão de 2014
Vejo os homens, quão vulgares!
Acumulam ouro e pão,
Yan Hui. Han Shan. Cor sobre seda. Século XIV |
Bebem vinho, comem carne,
Pensam: "ó, sou rico então!"
Vivem no mundo dos deuses
Que também não é eterno,
Refletindo poucas vezes
Quão profundo é o inferno.
Assemelha-se ao Vipara
O pesado de suas cargas.
Quando a tais a morte encara
Suas dores são amargas
E lamentam: "monge, monge!
Faça os ritos funerários!
Nós trouxemos de tão longe
Generosos honorários!"
Só que ao morto, o obituário
Não exige mais que areia.
Mas aos monges ordinários
Deixa de barriga cheia.
Esteja atento ao erro tal
Que um inferno escuro atrai.
As paixões são um vendaval
Quando a mente se distrai.
Mas fundado na verdade,
Ouça bem, perdida gente,
Tristeza e felicidade
Não perduram nesta mente.
Meu alerta nesse tema
É a vós que o ofereço.
Leiam, leiam meus poemas
Com afinco e com apreço.
Poema de Shídé
Traduzido e livremente adaptado pelo Upasaka Pundarikakarna (Renji) no verão de 2014
Yan Hui. Shídé. Cor sobre seda. Século XIV. |
Sorve o mais profundo trago
De ilusão, ódio e desejo.
Tal licor envenenado
Te adormece num lampejo.
Vem-te um sonho nesse sono:
Rico em ouro, tu dormitas.
Da gaiola és o dono,
Mas trancado nela habitas.
Pode o amargo não amargar?
Não espere outra saída.
Tenha pressa em despertar,
Torna à casa, torna à vida.
. . .
Nenhum comentário:
Postar um comentário