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sábado, 26 de julho de 2014

Hanshan e Shídé

Os monges poetas Hanshan e Shídé viveram no Monte Tiantai na China no século IX. Hanshan, posteriormente, passa a ser associado como poeta zen, devido a seu humor ácido e iconoclasta. Shídé passou a vida como monge cozinheiro do templo Guoqinsi, também naquela mesma montanha onde o Mestre Zhiyi viveu séculos antes.

Traduzi um poema de cada e livremente transformei em versos tentando manter a ideia. Espero que apreciem.

Marcelo Prati

Poema de Hanshan
Tradução e livre adaptação pelo Upasaka Pundarikakarna (Renji), no verão de 2014

Vejo os homens, quão vulgares!
Acumulam ouro e pão,
Yan Hui. Han Shan. Cor sobre
seda. Século XIV
Bebem vinho, comem carne,
Pensam: "ó, sou rico então!"

Vivem no mundo dos deuses
Que também não é eterno,
Refletindo poucas vezes
Quão profundo é o inferno.

Assemelha-se ao Vipara
O pesado de suas cargas.
Quando a tais a morte encara
Suas dores são amargas

E lamentam: "monge, monge!
Faça os ritos funerários!
Nós trouxemos de tão longe
Generosos honorários!"

Só que ao morto, o obituário
Não exige mais que areia.
Mas aos monges ordinários
Deixa de barriga cheia.

Esteja atento ao erro tal
Que um inferno escuro atrai.
As paixões são um vendaval
Quando a mente se distrai.

Mas fundado na verdade,
Ouça bem, perdida gente,
Tristeza e felicidade
Não perduram nesta mente.

Meu alerta nesse tema
É a vós que o ofereço.
Leiam, leiam meus poemas
Com afinco e com apreço.

Poema de Shídé
Traduzido e livremente adaptado pelo Upasaka Pundarikakarna (Renji) no verão de 2014

Yan Hui. Shídé. Cor sobre
seda. Século XIV.
Sorve o mais profundo trago
De ilusão, ódio e desejo.
Tal licor envenenado
Te adormece num lampejo.

Vem-te um sonho nesse sono:
Rico em ouro, tu dormitas.
Da gaiola és o dono,
Mas trancado nela habitas.

Pode o amargo não amargar?
Não espere outra saída.
Tenha pressa em despertar,
Torna à casa, torna à vida.









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