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quarta-feira, 2 de abril de 2014

Versos no sutras budistas

Muitos sutras contém trechos em versos. Esses trechos em verso serviam para desenvolver um pouco mais a ideia exposta no corpo do texto, abordar algumas minúcias ou às vezes, mesmo como expressões artísticas, levando a mensagem a um nível mais introspectivo, com uma linguagem enriquecida, etc. Obviamente nas traduções a gente acaba perdendo essa sutileza dos textos, um sacrifício necessário para tentar uma fidelidade maior à ideia original. Então tive uma curiosidade, baseado no final do capítulo VIII do Sutra Lankavatara, tentei transformar a sessão em versos. Obviamente de uma forma bem simples e livre, só pra ver como ficaria. Contextualizando, depois do diálogo que acontece nesse capítulo do sutra, o Buda dá suas ultimas recomendações sobre o assunto para Mahamati, que havia o questionado sobre como deveria ser a alimentação de um discípulo de Buda. Espero que gostem!
Upasaka Pundarikakarna

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Afastem de si a carne e os licores 
Sois vós bodhisattvas, heróis vitoriosos 
Os sábios recusam da morte os sabores 
Pois vêem à frente os efeitos danosos 

Observe a si próprio, do que somos feitos? 
De carne e de sangue, Eu nunca menti 
Reflita um momento, além dos conceitos, 
Poderiam ser filhos nascidos de ti 

Da bestialidade vem toda arrogância 
E a mente confusa é a porta final 
Aberta e mantida com apego e ganância 
Ao renascimento no mundo infernal 

Não há forma justa de carne comer 
Se perde a bondade, carinho e abrigo 
Pois para obtê-la, um deve morrer 
Demônios e bestas o têm por amigo 

Mas o que abandona o selvagem e brutal 
Como é prometido por todos os nobres 
Renascerá santo, bem longe do mal 
Um sábio opulento, jamais será pobre 

Em todos os sutras isso é condenado 
Mas há falsos monges que insistem em dizer: 
"O Buda comeu", "Foi só no passado" 
Nem mesmo imaginam o que estão a fazer 

Aos leigos e monges por mim foi proibido 
Eu não permiti, nem permitirei 
Quem for meu discípulo está incumbido 
De ouvir a verdade, o advertirei: 

Não comam mais carne, sou Eu que a vós digo 
Ela é um empecilho ao entendimento 
Dessensibiliza-te, atrai o perigo 
E afasta o Supremo e Último Intento 

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