Dia 04/06/2012 tive um sonho diferente. Em meio a um diálogo com um colega que na vida real é bastante teimoso; lembro-me de ter enfatizado muito sobre deixar registros para nossos descendentes a respeito da história da família e principalmente dos valores que temos.
De tempos em tempos eu repetia a frase: “as gerações estão se perdendo, é preciso fazer um mapa para norteá-las”.
O momento mais marcante foi quando discutíamos sobre a utopicidade da felicidade plena. Atingir este ideal implicaria necessariamente em abster-se do sofrimento alheio, para uma vida de fins egoísticos. O colega discordava de mim.
Fácil é ser insensível ao sofrimento dos seres, porém impossível é a constante satisfação dos desejos. Viver apenas para esta finalidade é como ter sede e procurar saciar-se bebendo água do mar; a gente nunca se contenta com o que tem ou agonia-se por não ter capacidade de alcançar objetivos estabelecidos. Desta forma, concluí que a felicidade plena, da maneira com que as pessoas imaginam, é egoísta e um estágio impossível de ser conquistado.
Entretanto, ainda discorri sobre a paz de espírito, um tipo de felicidade também, mas num conceito mais abrangente. Esta felicidade estaria relacionada à consciência coletiva, resultante da lei da causa e efeito. Quanto mais cegos pelo ego mais agimos para a satisfação de nossos desejos e menos nos preocupamos com as consequências dos nossos atos; que além de prejudicar a nós mesmos, ferem pessoas a nossa volta.
Inúmeros exemplos ilustram esta lei da causa e efeito, desde os mais simples aos mais intrincados: o ciclo do tráfico e consumo de drogas, o tentador preço do cafezinho subsidiado por mão de obra escrava. O viciado que gera sofrimento à sua saúde e à sua família em troca de um prazer momentâneo, o rancor e a mágoa provocados por palavras proferidas sem consciência, a violência que traz dor física e psicológica. Por fim, o apego aos bens materiais que nos dessensibilizam diante das amizades, família e a espiritualidade.
Muitas vezes culpamos “Deus” pelos resultados de nossas vidas, mas como não semeamos boas ações, colhemos frutos ruins e ainda os compartilhamos com que não merece, promovendo a injustiça.
Para acumularmos resultados positivos é necessário cultivarmos a boa semente "divina" que está em nós (natureza búdica) e para que isso aconteça, sugere-se que a hipocrisia religiosa seja substituída pela sincera busca da verdade. Esta nobre causa consiste em primeiramente consertarmos a nós mesmos, para que em seguida manifestemos os frutos da compaixão aos que nos rodeiam, atuando como testemunhas vivas da paz de espírito.
Há anos percebo tudo isso, porém só recentemente despertei de fato e resolvi desligar-me de vez dos conceitos mundanos. Ultimamente, através do budismo, tenho percebido a importância de se realizar a "revolução interna", uma árdua, porém compensatória, luta contra o ego e seus constantes desejos.
Ao contrário do que a sociedade acredita, não é o sucesso profissional, nem a condição social ou status que nos livram do sofrimento, só quis mostrar ao meu amigo teimoso do sonho, que o “estar feliz” não está relacionado com o sucesso das "áreas de nossa vida"; mas sim em procurar sempre a evolução da forma correta de vida, para que planos e vaidades pessoais estejam em segundo plano.
Este sonho me fez abrir os olhos, ressaltando a importância de se documentar todas estas percepções para que um bom ensinamento possa ser transmitido a descendentes e a quem mais se interessar. É o que tenho feito ultimamente.